- Transporte de passageiros aumenta 14% e atinge pela primeira vez na história do Grupo os 2,7 milhões;
- Em relação a 2023, foram realizados mais 2.328 voos, o que revela o compromisso do Grupo na conectividade dos Açores com o resto do mundo;
- Fatores extraordinários, muitos deles não repetíveis e herdados do passado, provocaram um aumento de custos, com reflexo nos resultados das duas companhias aéreas do Grupo;
- Está em execução um Plano de Sustentabilidade Financeira que terá um impacto de 65 milhões de euros e vai melhorar a performance económica do Grupo;
O Grupo SATA transportou 2,7 milhões de passageiros em 2024, atingindo este número pela primeira vez na sua história. Quando comparado com o período homólogo, este valor representa um aumento de 14%.
A par do incremento da capacidade disponibilizada, que registou um acréscimo de 10% face a 2023, verifica-se um importante aumento da taxa de ocupação média (load factor) do Grupo em 2,6 pontos percentuais, cifrando-se em 81,7%.
Consciente do impacto de fatores extraordinários nas contas, o Conselho de Administração está a executar o Plano de Sustentabilidade Financeira desenvolvido pelas equipas de gestão do Grupo, cujo objetivo é a melhoria da performance financeira e económica, com particular destaque para a Azores Airlines.
Com este plano, composto por 41 medidas que vão gerar um impacto financeiro de 65 milhões de euros, pretende-se aumentar a receita, incrementar a eficiência operacional e reestruturar os serviços de suporte. O plano dispõe de medidas de curto, médio e longo prazos, sendo que a maioria delas já está em execução.
Declaração de Rui Coutinho, CEO do Grupo SATA
“Quando a nova administração iniciou o seu mandato no Grupo SATA, em julho de 2024, indicou como principais prioridades a adoção de medidas que contribuíssem para melhorar os resultados das empresas, tomar decisões operacionais que assegurassem níveis de rentabilidade realistas e adequados à capacidade financeira do Grupo e reforçar a ligação com a diáspora e o compromisso com a mobilidade da população dos Açores. Com o Plano de Sustentabilidade Financeira pretendemos colocar o Grupo numa rota de sustentabilidade, excelência de serviço, capacidade operacional adequada às necessidades da região e rigor nas contas. Estamos convictos que o ano de 2024 foi, por várias razões, um ano de inflexão e que o ano de 2025 será certamente um virar de página. A melhoria dos resultados obtidos nos primeiros meses de 2025 indicam que estamos no bom caminho”.
Azores Airlines regista crescimento operacional em 2024 com pressão sobre resultados operacionais e financeiros
A SATA Internacional - Azores Airlines manteve a tendência de crescimento de receita especialmente através do aumento de capacidade disponibilizada para o Verão IATA, permitindo atingir, em 2024, um total de 336 milhões de euros, mais 50,2 milhões quando comparado com 2023.
Foram realizados, em 2024, 11.671 voos, mais 1.971 que no ano anterior, tendo sido transportados cerca de 1,7 milhões de passageiros, mais 276 mil que no período homólogo.
Um dos indicadores mais positivos de 2024 foi o da taxa de ocupação média dos voos (load factor), que chegou aos 84,6%, mais 1,8 p.p. face ao período homólogo. Este aumento resulta sobretudo de um 4º trimestre bastante eficaz (com uma taxa de ocupação de 90,7%) com cancelamento pontual de voos com taxas de ocupação não rentáveis, em consonância com algumas das medidas constantes no Plano de Sustentabilidade Financeira desenvolvido.
O aumento da oferta reflete o compromisso da empresa no incremento da conectividade com o resto do mundo, sendo consequência de uma aposta em novas rotas, tais como Ponta Delgada – Montreal, Ponta Delgada – Milão e Ponta Delgada - Faro.
Foram, ainda, inauguradas rotas de ligação direta entre o Porto e Funchal aos EUA e ao Canadá, efetuadas através de ACMI, no período compreendido entre junho e setembro, que se revelaram, do ponto de vista comercial, muito negativas e geraram um acréscimo de custos estruturais. Estas rotas acabaram por afetar negativamente os resultados operacionais da empresa. Tendo em conta esta situação, e apesar do seu contributo para o aumento do número de voos e da capacidade oferecida, a atual administração optou por cancelar estas rotas para o ano de 2025, uma decisão tomada com base no Plano de Sustentabilidade Financeira.
Apesar do incremento de receitas, o ano passado foi marcado pelo crescimento dos custos, operacionais e não operacionais, tendo impactos diretos no EBITDA e Resultados Líquidos do Período para o ano de 2024. As contas refletiram também fatores extraordinários, alguns deles que não se repetirão em 2025.
Entre eles, contam-se os encargos adicionais devido às consequências na operação das condições climatéricas adversas e da incapacidade da estrutura, aeroportuária e hoteleira, de dar resposta ao aumento de atividade, os gastos com pessoal devido aos compromissos assumidos anteriormente no âmbito dos novos acordos de empresa, os custos com a manutenção e provisões pelo desfecho desfavorável do processo judicial entre a Azores Airlines e a Hifly relacionado com encargos contratuais com uma aeronave A330, vulgo “Cachalote”, cujos impactos acumulados ascendem a mais de 30 milhões.
Assim, os resultados operacionais antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) foram de 691 mil euros negativos, sendo que a correção de alguns dos fatores extraordinários não repetíveis, referidos anteriormente, com destaque para o impacto do processo com a Hifly, que infligiu um impacto financeiro em 2024 de 6,4 milhões de euros, conduziria a resultados operacionais positivos.
Os gastos com depreciações e amortizações em 2024 sofreram um aumento de 13,4 milhões de euros face a 2023 (mais 44%), essencialmente devido à existência de duas novas aeronaves na frota, comparativamente ao período homólogo. Os resultados antes de juros e impostos (EBIT) foram, desta forma, negativos em 44,4 milhões de euros no acumulado do ano de 2024.
No que respeita ao resultado líquido do exercício, o mesmo totalizou 71,2 milhões de euros negativos, cuja variação face a 2023 advém, na sua grande maioria, dos fatores acima descritos bem como de perdas por imparidade reconhecidas no ano de 2024, no valor de cerca de 5 milhões de euros, cujo impacto em 2023 tinha gerado ganhos de 5 milhões de euros.
Em síntese, em 2024, verificou-se a existência de um conjunto de eventos operacionais e não operacionais, muitos deles extraordinários, que tiveram um impacto total negativo de cerca de 53 milhões de euros no resultado líquido de 2024.
SATA Air Açores: aumento na procura sustenta crescimento de receita
A SATA Air Açores apresentou no ano de 2024 receitas de 60,6 milhões de euros (excluindo subsídios à exploração), 3,7 milhões de euros acima do ano anterior, refletindo uma procura crescente, que se traduziu no aumento na taxa de ocupação média dos aviões (load factor) em 3,1 pontos percentuais, de 74,1%, no ano de 2023, para 77,3%, no ano de 2024.
Foram realizados, em 2024, 19.094 voos, mais 357 que no ano anterior, tendo transportado cerca de 1 milhão de passageiros, mais 53 mil passageiros que no ano anterior.
Relativamente aos custos operacionais, e sem prejuízo de registar uma evolução em linha com a tendência observada no setor, foram registados eventos extraordinários, operacionais e não operacionais, com impacto negativo nos resultados operacionais.
Neste contexto, registou-se um aumento generalizado, com incidência particular nos custos com pessoal e ACMI, assim como nos gastos com manutenção de aeronaves. Estes fatores tiveram um impacto negativo de quase 14 milhões de euros nas contas da SATA Air Açores.
O aumento verificado da receita foi insuficiente para cobrir o incremento dos custos operacionais, cujo impacto se fez sentir no resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) da companhia que registou uma redução de 11,4 milhões de euros, em 2023, para 4,6 milhões de euros, em 2024.
O resultado líquido do exercício foi negativo em 11,6 milhões de euros, que compara com os 10 milhões de euros negativos verificados no ano anterior. De referir a redução substancial dos resultados financeiros (menor em 6 milhões de euros), fruto da amortização antecipada de um empréstimo bancário de 60 milhões de euros em setembro de 2023.
SATA Gestão de Aeródromos aumenta receita em 6%
A SATA Gestão de Aeródromos registou um aumento de receita (excluindo a componente do reequilíbrio financeiro registada como subsídios à exploração) proveniente da exploração aeroportuária em linha com o aumento de tráfego nos aeroportos da Região Autónoma dos Açores, muito assente no aumento de produção verificado na SATA Air Açores.
As vendas e serviços prestados alcançaram, em 2024, um total de 4,1 milhões de euros, que compara com 3,9 milhões verificados em igual período do ano transato, traduzindo-se numa variação positiva de 6,4%.
De notar que, em adição às vendas e serviços prestados, foi registada uma estimava de Reequilíbrio Financeiro no valor de 1,2 milhões de euros, referente ao 4º ano de exploração do contrato de concessão.
Os custos operacionais, por sua vez, totalizam 5,7 milhões de euros, superiores em 285 milhares de euros face a 2023, +5,2%.
O EBITDA do ano foi negativo em 245 mil euros, 246 mil inferior ao EBITDA de 2023. O resultado líquido do exercício, por sua vez, totalizou 244 mil euros negativos, registando uma variação de 572 mil euros face ao ano transato, consequência da deterioração verificada no EBITDA acrescida do aumento de custos com reestruturação resultante de um acordo de pré-reforma.
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Glossário|
Load Factor: Número total de passageiro-quilómetros (RPK) dividido pelo número total de lugar-quilómetros (ASK).
EBITDA: Resultado operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização.